Ronda do Restaurante

Segunda as pesquisas de opinião veiculadas recentemente, a maior preocupação do brasileiro atualmente é a segurança pública. Não é exatamente uma novidade, mas como a economia está estável e apesar das desigualdades sociais estarem diminuindo (muito discretamente é claro) segundo o índice Gini, a violência nos grandes centros urbanos é crescente e nos interiores acabou a sensação de tranquilidade. Aquele costume de dormir com a porta aberta faz muito tempo que não é mais possível.

No Ceará, um programa que prometia ser revolucionário acabou se transformando no maior “mico” das forças policiais do Brasil. O “Ronda do Quarteirão”, segundo os meus parcos conhecimentos, nasceu de fato em Sobral quando o então Prefeito Cid Gomes quis realmente fazer algo diferencial em se tratando se segurança pública, principalmente contando com as possibilidades constitucionais cabíveis à esfera municipal. O plano realmente era perfeito, já que uma equipe cobriria um quarteirão, diminuindo o tempo de espera para 5 minutos. E pelo que tenho notícia realmente deu certo. Lá, pois aqui não está passando de mais uma tentativa que vira piada.

Antes de realmente começar a descrever meus pensamentos, levarei em conta alguns acontecimentos que são de conhecimento público. O primeiro é que o início das atividades dessa nova força foi antecipado em muitos meses, isto eu reconheço que representa um malefício a qualquer projeto que tem um cronograma pensado e planejado com cuidado (não quero dizer com isto que este teve ou não). Isso por culpa da nossa imprensa irresponsável (hoje em dia isto é redundância) e de nós mesmos (população). O outro fato foi a reação costumeira das forças do atraso que sempre se manifestam quando qualquer administração tenta fazer algo novo, sendo que neste caso caracterizado pela compra das Toyotas para servirem como viaturas. Na realidade, bem me lembro que os planejados eram da Land Rover que seriam melhor ainda, pois tem mais estabilidade e seria mais difícil de capotar (se bem que não podemos duvidar das capacidades de nossas forças policiais). E ponto final, porque a partir daí os outros problemas eu remeto a incompetência dos responsáveis mesmo.

No começo tudo eram flores. A população sentia um ar de segurança na cidade (mesmo esta segurança não se retratando nas estatísticas), devido a constante presença daqueles “carrões” seguidos pelas motos passando todos os instantes pela cidade inteira. Era lindo. Na Beira Mar até patinete tinha. Mas daí a competência das pessoas que planejam as nossas vidas veio a tona. As motos que foram adquiridas para o serviço começaram a apresentar problemas, pois as mesmas não serviam para andar da forma que a polícia precisa, logo os motores apresentaram defeitos e praticamente foram aposentadas. As patinetes proporcionaram uma das cenas mais ridículas que já vi. Dois policiais andando nesses pequenos motores abalroaram, jogando os oficiais ao chão. Parecia uma cena dos trapalhões. Recentemente dois policiais a pé foram assaltados, pedindo socorro aos outros destacamentos. Não estou inventando, isto foi capa dos principais jornais de Fortaleza. Soma-se a isto o caso de que eles não fazem realmente a ronda no quarteirão, na realidade ficam iguais as estátuas que encontramos nas pracinhas. Não se admirem se passarem por algum desses policiais e ver pombos por cima.

Hoje em dia se você quer ligar para a equipe do Ronda que cobre a sua área não ligue para a polícia ou mesmo para os números repassados pelos próprios oficiais, se comunique com os restaurantes mais próximos. Isso se você realmente quiser receber folheto ou jogar conversa fora, porque se estiveres em apuros ligue para o CIOPS ou qualquer uma dessas outras siglas já que os guardinhas estão proibidos de perseguir bandidos. Somente queria entender o sentido dessa nova ordem, pois sei que deve ter lá algum sentido que a minha mente pobre não consegue acompanhar. O serviço atual deles é realmente passear em carros de luxo e ficar admirando as moças bonitas que passam pelas praças de nossa cidade. E na hora da fome todos já sabem “filar uma bóia” no restaurante mais próximo.

Realmente fico muito constrangido de escrever um texto desta forma e com este teor, mas já que as autoridades realmente decidiram “tirar uma onda com a nossa cara”, só estou devolvendo um pouquinho do bom humor reinante em nosso estado. Não citei aqui o caso do nosso Secretário que proibiu a veiculação de imagens de criminosos, mesmo os pegues em flagrante ou confessos. Mas para isto dedicarei um artigo específico, até porque quero tratar um pouco também dos programas que jorram sangue em horário nobre. Então fica apenas o desejo que essa força honre a farda que foi desenhada com exclusividade pelo Lino Villaventura.